quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Amélia Lisbela

By Clarissa Vargas & Érica Böhmer


 Acho que antes de nascer eu pedi o dom da "inventação". Quando menina, tudo bem, a Barbie sonhava com o Bob escondida e ele, ao final, se apaixonava por ela, e depois de lutar pelo seu amor, descobria que ela quem gostara dele primeiro.... Eu construía a estória e ela já tinha um final. Com livros, faço quase a mesma coisa. Se gosto do final, ainda que não o entenda, então eu leio. Se não, nem perco tempo. (verdade, eu leio sempre a primeira e a última página, antes de ler o meio todo). Não me amola saber os finais dos filmes, também. Eu até gosto que me contem. Depois que eu souber o começo e o fim, então fica fácil aguentar tudo o que há no MEIO. Daí o COMO acontece irá me prender independente do que for, afinal, já sei o que me espera lááá no último capítulo. Não saber me assusta. Saboreio O COMO a coisa acontece, depois de admirar o roteiro. Sabe, uma coisa meio Lisbela, tipo: "O amor é filme. E o meu filme é de Amor!"

Pois pensando em roteiro difícil é que pedi também, antes de nascer, o dom da fantasia impossível. Amor a distância. Claro, amor por amor já é difícil, então vamos piorar: colocar distância nele. Na verdade, essa minha constância de ficar me apaixonando por homens que estão longe, em outra cidade ou país, pode também parecer fuga. O amor, afinal, é mais fácil perto ou longe? Fantasiando por meio das palavras trocadas, sonhos... Tenho e crio tanto amor que sou capaz de amar por dois, sendo ou não correspondida na vida real. Bastam algumas palavras na esfera virtual, trocas nem sempre fiéis, mas me bastam para criar todo o roteiro. Até penso que sou mais legítima, embora pareça sonhadora. Vejo tantos casais juntos há décadas terminarem ou se desconhecerem, que sinceramente, percebo conhecer do cidadão que se revela na internet, mais do que minhas amigas reais possam conhecer de seus namorados fisicamente reais... Acho que internet tem a ver comigo. Ela é escrita, não dita, nem desdita. Ela entrega as verdades com facilidade... o problema é: o que é verdade? dentre tantas e quanto mais palavras, juntam amontoadas no pacote cibernético as mentiras. Pode uma mentira ser mais verdadeira do que a verdade que apenas nossos olhos captam?

Pareço confusa, por momentos, mas confesso que gosto disso que a internet proporciona: falar com mais coração, falar falar falar muita coisa que pessoalmente, até com amigos, a gente não falaria. E todas essas palavrinhas viram sopa de letras do amor, agora sim que cheguei nele, do amor platônico. Logo, já sei que estou me arrumando para alguém que não verei, imaginando-me na cama com alguém que não virá, construindo um futuro com alguém que muitas vezes nem sabe se eu existo verdadeiramente, ou possivelmente não pretende romper a barreira virtual. Acabo vivendo muitos relacionamentos sim, mas na imaginação. Isso é viver???

Cansei de ser platônica, de alimentar tantas histórias que nunca se concretizam, e pior, de me apaixonar perdidamente por homens que não poderão conviver diariamente comigo. Será que faço isso por medo de me expor no dia-a-dia? Sim, às vezes, no roteiro que construo, sou mais legal do que essa que tem que cuidar da casa, de filhos, de tudo...
Mas tá vai. Não tá legal chegar perto da idade da loba só sonhando. Quero REALIZAR, CONCRETIZAR O MEU ROTEIRO DA BALADA DO AMOR. Como??? Como??? Sim, agora, sim, quero saber COMO A COISA TODA ACONTECE?







"Belas" respondem:

Querida, romântica, sensível e sonhadora, Amélia Lisbela, mesmo sem "bola de cristal", vemos que você prefere viver no futuro, no seu reino de conto-de-fadas, onde todo final tem um final feliz garantido, do que vivenciar o maior presente...seu PRESENTE! Como a própria música diz: "É caminhando que se faz o caminho"... e você não está fazendo isso...não está saboreando o que de melhor a vida pode lhe proporcionar: as surpresas! Está precisando de mais "enredos" - é no "meio" que está toda a graça - do que de "finais felizes" em sua vida... para que dessa forma, assim, possa ter um final feliz, sem nunca chegar ao final, necessariamente... Já pensou que chato depois do final feliz? Como é viver feliz pra sempre? Ninguém consegue, vida real é um jogo de momentos de prazer e entrega e, principalmente, de aprendizado.
Não tem - Graças a Deus - como prever tudo o tempo todo! Viemos a este mundo com missões pré-definidas, mas não podemos esquecer-nos que somos dotados de lívre-arbítrio. E é somente com estas "surpresas" e livre-arbítrio, durante este "caminho", que conseguimos evoluir como pessoas.

Tem muita coisa envolvida para ser analisada, no relacionamento a distância que você deve perguntar-se:

1º - Por que você quer essa "distância"?... Algum motivo há. Já que é algo recorrente em você.
2º - É para ter maior liberdade?...Liberdade do quê?... De quem?...Para quem?... Porque o "interessante" de um relacionamento a dois é justamente o estar perto (entenda-se por não grudada o tempo todo como chiclete, e sim, onde ambos tenham sua individualidade respeitada), o "namorar", a cumplicidade, as alegrias, a diversão, o dividir, o companheirismo... E... não é a mesma coisa pela net ou telefone, é somente mais "seguro". Mas nem sempre a palavra segurança e vida andam juntas...arriscar-se, ousar e ter coragem, combinam mais.

3º - Quer somente este tipo de relacionamento, para poder fantasiar, fugir da realidade ou de um compromisso mais sério e verdadeiro, vivendo um sentimento platônico igual ao de uma criança que está apaixonada, mas não fala por vergonha ou medo de demonstrar os sentimentos ou de ser rejeitada?...
- Agora... fuga do quê?...Para quê?... De quem?... (Não tem nenhuma bruxa madrasta no espelho da sua casa, tem Branca de Neve?)
- Muitas vezes pode ser o próprio medo da felicidade, de algo real, por ter  machucado -se outras vezes... Sabendo que amando VERDADEIRAMENTE alguém "presente", poderia expor o que julga ser seu "pior" lado e poderia decepcionar ou ser decepcionada, acabando mais uma vez - em teoria - com essa felicidade, imaginando não poder suportar mais essa dor. Note que não se trata de alguém tão boazinha ou coitadinha. Aquela que não se expõe às dores e percalços da vida, dificilmente aceita defeitos nos outros, também, e com facilidade se acomoda ou os rejeita.
4º - Poderia ser por saber da sua grande capacidade de amar, como já dizia " As pessoas que mais temem o amor, são as que tem maior capacidade de amar"... e daí o medo de entregar-se   e "imaginar-se" nas "mãos" de outra pessoa. Quer dizer, você quer a parte boa do amor e não é só isso, você quer a perfeição... e perfeição... ainda não existe!

5º - Poderia ainda, amar outra pessoa, não dando espaço para relacionamentos "verdadeiros". Preferindo os de longe, para não dar espaço a um namorado concreto, deixando sempre a vaguinha aberta para aquele a quem seu coração se doou.
6º - Não no seu caso específico, mas em alguns: pode ser porque simplesmente "aconteceu" , você conheceu o cara dos seus sonhos, ele não mora perto e agora está envolvida?...(poxa, tinha que morar tão longe?!...rs....)
- Neste caso, estaria disposta a ceder e mudar-se para perto do seu "amor" ou ele para perto de você?...(avalie sempre se ele o faria ANTES, e se não, avalie se os motivos são REALMENTE CONFIÁVEIS)
- Conhecem-se tão bem a ponto disso?... (vai fazer-te bem mudar-se mesmo sem saber se o casamento ou namoro vai durar, quer dizer, está disposta a lançar-se na vida, no risco?)
- Valeria a pena?...Considerando a mudança drástica de vida... local, família, amigos, trabalho, etc...

- Conhecemos muitas pessoas que deram certo assim, mas seria este o SEU caso?...

Vamos aproveitar o que próprio ditado já diz: "O amor é cego"... para lembrar que é claro que é muito mais fácil - não verdadeiro - "amar" de longe... Porque o amor verdadeiro - se não for um "encontro de almas" - nasce com a convivência no dia-dia... De qualidades e defeitos, alegrias e tristezas assim como desafios e superações - a não ser que você precise da distância como grau de dificuldade para testar o amor. Então, o que você não vê - de negativo - você idealiza, romantiza, sonha e "ama" com maior facilidade.

Mas quem disse que amar e ser amada seria algo fácil?...
A internet facilita muita coisa, sim. Conhecer, aproximar, assim como não reconhecer e afastar... Depende do que você quer para a sua vida.
Quando falou das amigas e seus relacionamentos com namorados "fisicamente reais", lembramos do trecho da música do Roberto: "O importante é que emoções eu vivi"... Acho que o que está faltando para você é o arriscar-se, viver, com responsabilidade, mas também com alegria. Ousar em ler o "livro" sem ter lido de antemão o final, sem pré-julgar tão facilmente - você pode estar perdendo de ler ótimos livros! (o final é você quem o constrói...)
Mentiras existirão em quaisquer lugares - infelizmente - seja na net ou na vida real, o que importa é que VOCÊ seja VERDADEIRA consigo e com as outras pessoas.

No fundo, você mesma já sabe uma parte da resposta...Que está vivendo sem "VIVER"... ou seja, está sobrevivendo... é isso o que você quer para sua vida?... Chegar ao "final" e talvez dizer que não viveu?... "Coragem não é a ausência do medo, mas a capacidade em transpô-lo". Muitas vezes, é seguir em frente ou correr atrás do que se quer, independente de qual seja o final.

Cremos que você esteja escondendo-se como mulher e desvalorizando-se como pessoa, criando um falso-imaginário de que sua única qualidade seja com as palavras, que as pessoas a notem melhor assim. Portanto, uma das coisas que mais recomendo, antes mesmo de amar-se, é auto-conhecer-se, centrar-se, equilibrar-se, tudo vem em conjunto. Mas precisamos do primeiro passo, o querer...Seguido de força de vontade e determinação. Ouse. Mude. Depois, use suas palavras, para conhecer pessoas próximas de você, com as quais possa ter relacionamentos "reais e verdadeiros", pessoas que mereçam todo esse amor que você é capaz de dar. Não temendo o "mundo", mas saindo da "terra-do-nunca", e não crendo que tudo pessoalmente possa dar errado e que só no reino da fantasia é que você pode ser feliz. Se cair, machucar-se faz parte... E quando estiver com dó de si mesma lembre-se: gostamos das mocinhas nas novelas porque elas jamais carregam auto-piedade. Ninguém gosta da vítima. As que atuam assim, perdem seus pares românticos para as vilãs, passamos a torcer contrariamente, já percebeu? Portanto, levante-se ou caia com dignidade, assumindo o aprendizado! Sacuda a poeira e recomece, com a certeza que a morte vem para que algo possa nascer ou renascer! E nesse renascer, meu bem... Cada vez mais virá com a certeza de quem você é e o que quer! Acima de tudo, VIVENDO! SENDO E AGINDO, e não REAGINDO, o que te coloca numa posição infinitamente superior. Quer saber? Cate o sapatinho de salto da Cinderela e use-o, sim. Deu meia-noite, ele sumiu, continue de olhos abertos. A rotina diária também são aprendizados inesquecíveis para aquela que sabe que o glamour não está no salto, mas no centro, lá dentro, no olhar. Uma maquiagem leve, um sorriso de canto, uma palavra faiscante. V-o-c-ê.

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